sexta-feira, 1 de julho de 2022

Biografia em Rede - Viveiros de Vasconcelos

VIVEIROS DE VASCONCELOS

Um homem do passado, do presente e do futuro

 

Eleonora Sardinha Aguiar

 

Sebastião Viveiros de Vasconcelos deixou marcas sólidas na região Fluminense neste último século, por sua inteligência vívida, sua cultura pouco vulgar e seu trabalho de excelência como educador e orador.

Nascido em São Sebastião, no município de Campos, em 28 de setembro de 1870, Viveiros de Vasconcelos mostrou grande vivacidade de espírito.

Seus pais, Sebastião Viveiros de Vasconcelos e Ana Gomes de Vasconcelos, orientaram com desvelo a educação do pequeno Sebastião, que frequentou as escolas da época: Azuarara, Cornélio Bastos e Candido Mendes.

Logo que se achou em condições de tomar pé no Liceu de Campos, passou na seleção e ocupou uma vaga nessa instituição, onde completou seus estudos preparatórios.

De posse de sólidos conhecimentos advindos de um curso bem orientado de humanidades e dotado de predicados oratórios bem acentuados que lhe fazia fácil, eloquente e inspirada a palavra, foi excelente professor e conseguiu, por notório saber, o direito de advogar as causas campistas, advogando por muitos anos no Fórum de Campos.

Fundou, em 1898, em Santo Antônio do Carangola, o “Ateneu Carangolense”, internato e externato de instrução primária e secundária.

Em 1895, regressou a Campos, dedicando-se à advocacia e ao magistério. Lecionava no Colégio Campista e no Ateneu Campista e, mais tarde, veio a fundar o Colégio Viveiros, que ganhou grande renome dentro de pouco tempo e ficou reconhecido como irrepreensível estabelecimento de ensino importante.

Dois anos depois, foi nomeado para a cadeira de Português da Escola Normal de Campos. E, em 1907, entrou por concurso para lecionar as cadeiras de Português, Literatura e Lógica, no Liceu de Humanidades de Campos.

O Presidente do Estado Fluminense, Dr. Oliveira Botelho, em 1912, nomeou Viveiros de Vasconcelos vice-diretor do Liceu de Campos e da Escola Normal. Em 1914, ele passa a Diretor destes dois estabelecimentos de ensino, posição nunca antes concedida a alguém.

Como diretor do Liceu, Viveiros de Vasconcelos fez um trabalho de grande importância. Nesse período, o Liceu estava conquistando a fama de facilitar o ingresso de estudantes sem o devido preparo, o que estava prejudicando a grande credibilidade dessa instituição. Viveiros de Vasconcelos instituiu que, nas bancas examinadoras, não houvesse professor que atuasse em escolas particulares, nem professores ligados à política, ou que fosse alheio à disciplina a ser avaliada.  Se faltasse professor na casa para assumir a banca examinadora, ele contratava um de fora.           O padre Antônio Carmelo, por exemplo, era sempre contratado para assumir a banca de latim. Essa atitude gerou muitos aborrecimentos ao professor Viveiros, um deles foi quando a banca examinadora de álgebra reprovou o filho do Deputado Horácio de Magalhães. Mas, o professor Viveiros era firme nos seus valores e devolveu ao Liceu a posição de respeito que sempre desfrutou.

Viveiros de Vasconcelos também promoveu grande reforma no ensino da matemática quando questionou o ensino baseado em fórmulas, teoremas e filosofias vãs, distanciado da realidade do aluno. Propôs uma matemática viva, cotidiana, envolvendo situações reais como o comércio, a construção e outros setores de uso da matemática no dia a dia.

Esse pensamento relativo ao ensino da matemática é o pensamento que se tem hoje, mostrando como o professor Viveiros tinha ideias muito além do seu tempo.

Sua cultura filológica aliada aos dotes de oratória de que era possuidor davam às suas aulas verdadeiro encanto pelo esplendor e pela magia de sua palavra quente e animada.

Sua biblioteca, rica de obras clássicas e raras, era o remanso que a sua inteligência sorvia, a nutrição para o seu espírito. Mas, as suas obras de “sovaco e cabeceira”, como ele mesmo costumava dizer, eram Os Lusíadas, de Luiz de Camões; Os Sermões, de Padre Antônio Vieira e A República, de Platão.

Segundo Barbosa Guerra, um dos seus discípulos, Os Lusíadas ele sabia de cor.

Foi sempre um apaixonado das belas letras e um cultor assíduo e competente da nossa língua, cujos profundos conhecimentos deu prova nos inúmeros artigos que publicou em jornais.

A atividade intelectual de Viveiros de Vasconcelos abrange a poesia, a prosa, a filologia e a oratória.

A maior parte da obra de Viveiros de Vasconcelos, rica em conhecimentos e valores, ficou perdida em folhetins e jornais. No entanto, ele nos deixa a obra “Verbos Portugueses e Rudimentos de Análise Léxica”, que até os dias de hoje é editado, passando pelas adaptações das reformas da língua, mas, sem perder a sua essência.

O caderno de verbos do Professor Viveiros já foi adotado em todas as escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro, nas escolas municipais de Campos e de municípios vizinhos, sem contar com muitas escolas particulares.

Viveiros de Vasconcelos não era um homem de negócios, não era um homem como os outros, que trabalham para adquirir bens materiais; ele jamais teve uma casa própria, vivia para a educação e a cultura, esmerava-se na educação dos filhos: Plínio, o mais velho, formou-se médico, Nícia era professora de francês no Liceu, Silvia era professora de culinária na Escola Profissional Nilo Peçanha, Waldir era comerciante e Zalina, que faleceu aos 19 anos.

Foi casado com Maria Moll de Vasconcelos, grande pianista, que compôs com Thieres Cardoso, amigo íntimo do professor, a Marcha Brasil, que foi tocada em todo o país na época da guerra. Sua arte foi restrita à família, por ser incomum a participação da mulher nas atividades sociais da época.

O professor Viveiros era um educador, um pensador, um homem voltado aos valores da alma, assim como os artistas. Talvez por isso não tivesse noção do valor comercial do seu livro e, com isso, ele vendeu os direitos autorais para o dono da gráfica que o publicava, Sr Dinah Silva. Durante dezenas de anos, milhares de livros de verbos eram produzidos anualmente e comercializados na região.

Após 30 anos da cessão dos direitos autorais, é revisto o acordo e os herdeiros de Viveiros de Vasconcelos passam a receber 10% dos rendimentos da venda do caderno de verbos, mediante a rubrica de um dos herdeiros em cada exemplar.

Em plena atividade profissional, aos 57 anos, Viveiros de Vasconcelos veio a falecer, em 16 de agosto de 1927. As homenagens cabíveis foram feitas por toda a sociedade campista e as aulas foram suspensas por três dias pela perda deste grande educador.

Quando a palavra é pautada em estudos profundos de referências que se fundamenta na verdade, ela é intransponível, não é vencida pelo tempo, é eterna.

Assim é a palavra do professor Sebastião Viveiros de Vasconcelos, um homem do passado, do presente e do futuro.

 

Referências Bibliográfica:

Jornal O Estado (30 de Janeiro de 1925)

Jornal do Comércio (7 de outubro de 1928)

Jornal A Notícia (16 de agosto de 1941)

 

Eleonora Sardinha Aguiar

É graduada em Matemática e Ciências e Pós-graduada em Matemática pela UNIFLU/FAFIC, em Formação de Educadores Ambientais pela UFRJ e Mestre em Economia Empresarial pela UCAM. Trabalha com aulas de campo de Educação Ambiental na região do Parque Estadual do Desengano de forma interdisciplinar. É autora de livros infantis da coleção “PED (Parque Estadual do Desengano) para Crianças" e da coleção "Contando e Cantando Matemática": O Peixinho Chico e o Girino Jiló, Os Cantinhos da Geometria e Juvenal o Escravo Esperto.

Arquivo de Fotos

Família de Viveiros de Vasconcelos: sua esposa Maria Moll de Vasconcelos e seus filhos, da esquerda para direita, Silvia, Zalina, Plínio, Nícia e Waldir ao centro.

Viveiros de Vasconcelos como paraninfo de uma turma da Escola Normal em 1919.


Corpo docente do Lyceu de Humanidades e da Escola Normal no salão nobre do Lyceu.

Parte da carta escrita pelo professor Viveiros ao Diretor Geral de Istrução do Estafo do Rio de Janeiro, seria hoje equivalente ao Secretário de Educação, na ocasião das acusações feitas pelo deputado Horácio Magalhães.

Parte do texto publicado por Viveiros de Vasconcelos em jornal, onde ele fala sobre o ensino da matemática no Liceu.

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Evento

Tarde Literária na escola Espaço Livre, com as autoras Edda Barreto, Eleonora Sardinha, Sylvia Paes e Thaís Souza.





quinta-feira, 2 de junho de 2022

Nova Diretoria

Eleição de Diretoria - Biênio 2022 - 2024.

Nova Diretoria:

Presidente: Eleonora Aguiar
Vice-presidente: Jussara Ribeiro
1ª Secretaria: Edda Barreto
2ª Secretária: Sylvia Paes
1ª Tesoureira: Carla Neto
2ª Tesoureira: Eliana Garcia
Conselho fiscal: Talita Batista, Thais Souza, Carmen Eugênia Gomes

Suplência do Conselho Fiscal: Silvia Marcia Pessanha, Maria Emília Juncá, Ana Luísa Sousa




 

terça-feira, 17 de maio de 2022

Biografia em Rede - Nina Arueira

NINA ARUEIRA

 

Maria Zilnete de Moraes Gomes

 

A história de Campos está cheia de mulheres importantes e incríveis que marcaram época, sendo de grande relevância para a construção de nossa identidade e memória.

A minha homenageada é a grande mulher Nina Arueira que nos ensinou a força, o poder e a liberdade de ser quem somos com todos os nossos direitos e nosso protagonismo c/ sensibilidade, amor e generosidade.

Maria da Conceição Arueira (07/01/1916 a 18/03/1935)

Era conhecida como Nina Arueira, jornalista, poetisa, escritora e líder sindical.

Nasceu em Campos dos Goytacazes - RJ e faleceu no Rio de Janeiro. Filha de Lino Arueira e Maria Magdalena Rocha e Silva.

Ela residia numa casa na Avenida Alberto Torres, que atualmente não existe mais. Sua avó a chamava pelo cognome “Pequenina” e o restante da família a tratava por“ Nina”. Este foi o pseudônimo adotado por ela na adolescência.

Aos cinco anos de idade, suas poesias eram publicadas no Periódico “Rindo”, sob o pseudônimo de “Princesa de Vera Cruz”. Ela ditava as poesias e o pai as escrevia. Seu pai faleceu no ano de 1928 e aos doze anos, ela já ajudava a sua mãe no pequeno comércio da família. Devido a esses acontecimentos, ela amadureceu precocemente e esse amadurecimento, refletiu em seus escritos.

Numa Comemoração Cívica Municipal, datada de 15 de julho de 1924, com apenas oito anos de idade, Nina Arueira, recebeu o primeiro bispo da cidade de Campos, D. Henrique Cesar Fernandes Mourão.

Ela cursou o primário e normal (incompleto) em sua cidade natal. Ingressou no Colégio Liceu de Humanidade de Campos aos 15 anos e lá ganhou a fama de articulista e crítica.

Em suas conferências no teatro local, criticava algumas instituições como a igreja católica, o capitalismo…

Militou na imprensa de Campos e do Estado do Espírito Santo.

Escreveu o Manifesto “A Mocidade de Minha Terra”, que gerou críticas e perseguições de jornalistas e algumas pessoas da sociedade campista.

Conheceu Clóvis Tavares e Adão Pereira e, juntos, fundaram um jornal estudantil.    Esse grupo apresentou o Modernismo a sociedade campista. Nessa época, Nina estava insatisfeita com a metodologia aplicada no Liceu e abandonou a escola.

Na década de 1930, em companhia de seus dois amigos do jornal estudantil, filiou-se a União da Juventude Comunista. Foi um período de muitas lutas, iam para a porta das fábricas, organizavam comícios e fundavam sindicatos. Nessa época, ela passou a frequentar a sociedade Teosófica, apaixonou-se por Clóvis Tavares, seu companheiro de lutas.

No dia 01 de maio de 1934, Clóvis Tavares e Nina Arueira discursaram no grande comício na Praça do Santíssimo Salvador. Houve um tumulto e alguém ateou fogo à Bandeira Nacional. A polícia considerou uma afronta ao governo e em consequência, Clóvis foi detido e Nina escapou.

No período que Clóvis ficou preso, Nina se afastou da militância política, correspondia com ele, mas passou a se dedicar apenas as questões transcendentais. Nesse ínterim, ela fez amizade com o Sr. Virgílio de Paula, que ela chamava carinhosamente de “vovô Virgílio”.

Deprimida, Nina Arueira contraiu tifo e para ter melhor tratamento de saúde, transferiu-se para a residência de Virgílio de Paula e lá veio a óbito aos 19 anos.

Nina Arueira tornou-se imortal porque os espíritas Kardecistas e os comunistas, atribuíram-lhe características místicas de heroína e mártir.

Após a morte da noiva, Clóvis Tavares recebeu uma informação que o espírito de Nina havia se comunicado numa sociedade espírita. Essa notícia deu novo alento à sua vida e a partir daí, ele tornou-se adepto da doutrina espírita, culminando na fundação de um educandário inspirado e fundado pelo espírito de Nina.

Foram fundados grupos assistenciais, mocidades espíritas e escolas com o nome Nina Arueira em sua homenagem.

O CIEP 466 Nina Arueira, localizada no bairro da Penha recebeu esse nome em sua homenagem.

A linda história de amor de Nina Arueira e Clóvis Tavares e da Escola Jesus Cristo foi contada no filme “Luz da Escola”, lançado em outubro de 2019.

 

Segue abaixo parte de um dos mais belos poemas da jovem Nina Arueira:

 

“Meu espírito vibrou na mudez da matéria...

Minha alma se exaltou na vibração da luz...

Eu vivi sobre a terra na espiração sidérea

De tocar com a minha alma a lira de Jesus...

 

Da vida não vi mais que a enganosa aparência,

Fictício tesouro que a mim não seduziu,

Porque meu coração era feito da essência

Evolada do céu e para o céu subiu.

 

O mundo veio a mim cheio de adulações...

E o mundo e a sua corte, altiva, repeli...

Não conheci da vida as tristes ambições,

Mas, a ambição de lá feliz, eu conheci...”

 

Maria Zilnete de Moraes Gomes

Nome literário: Zilnete Moraes

 

 

Referências bibliográficas:

http:// pt.m. Wikipedia.org>wiki

terceira via.com.br

www.correioespírita.org.br

 

 











É  natural de Presidente Kennedy/ES. Formada em Magistério  na Universidade Cândido Mendes em Campos dos Goytacazes/RJ. É escritora, poeta e trovadora. Membro da UBT Nacional e UBT Campos dos Goytacazes e da Associação de Autoras e Autores Campistas.

 

 

Arquivo de Fotos:






segunda-feira, 9 de maio de 2022

Nossa Diplomação

A Associação de Autoras e Autores Campistas, recebeu no último sábado, no evento de Diplomação de seus sócios e lançamento de livro Femmena da Maria Emília Junca Balbi muitos amigos queridos e apoiadores. Helio Coelho nos brindou com músicas autorais e outras que carinhosamente homenagearam as mães.